Esta é uma breve história da Casa do Adolescente de Capão Bonito-SP, a qual tive o prazer de ser coordenadora e terapeuta ocupacional por 3 anos, e que será publicada brevemente junto com histórias de outras Casas do Adolescente.Nesta jornada, fui apoiada diretamente pela equipe da Dra,Albertina Duarte Takiuti, mentora do projeto no estado de São Paulo , e que aos poucos esta divulgando-o pelo Brasil e America Latina.
HISTÓRIA: CASA DO ADOLESCENTE DE CAPÃO BONITO-SP.
Capão Bonito é um município do estado de São Paulo, com uma população estimada em 57.540 habitantes e com uma uma área de 1 641,0 km². Sua população jovem é de aproximadamente 7.000 adolescentes entre 14 e 19anos, ou seja, aproximadamente 13% da população.
A Casa do Adolescente foi fundada no dia 19/06/2010. A idéia aconteceu a partir da visita da primeira dama da cidade Regina Gonçalves Faia Dias à Casa do Adolescente da cidade de Itapetininga-SP, desse dia em diante começaram os tramites para inaugurar a Casa do Adolescente de Capão Bonito.
No início a casa tinha na coordenação pessoas ligada a educação, fazendo com que esta seguisse regras parecidas com a de uma escola. Depois de um tempo a coordenação passou para a área da saúde trazendo a casa outra forma de funcionar junto aos adolescentes.
A casa começou com atividades de artesanato, auto cuidado, grupos terapêuticos e esportes. Hoje conta com aulas de pintura, biscuit, hip-hop, tricô, crochê, bordado, futebol, ping-pong, nutrição e desenho; juntamente a isso acontecem os grupos terapêuticos com psicólogos, enfermeira e médico, e de auto cuidado; os atendimentos individuais com os psicólogos se da quando há necessidade imediata. A prioridade está em deixar o adolescente livre para escolher a atividade que quer realizar e nela desenvolver os grupos visando a fala do adolescente sobre ele, sua historia de vida, seus medos, angustias, problemas ,duvidas,alegrias… é fazer com que o adolescente sinta-se seguro para falar de si e confiante no ambiente em que está.
A casa trabalha juntamente em parceria com a secretaria de promoção social e secretaria de saúde, como não dispomos de atendimento medico no local nem dentário, os adolescentes que necessitam destes atendimentos são encaminhados aos postos de saúde e psf do bairro para que possam ser atendidos. Temos também parceria com o CAMP (centro de atendimento multifuncional pedagógico); Cirandas (atendimento psiquiátrico) e CAPS (centro de atenção psicossocial)
Durante as atividades realizadas, os profissionais são orientados a prestar atenção caso algum adolescente mostre comportamentos inadequados ou diferentes do que ele costuma apresentar, caso isso ocorra o adolescente é encaminhado aos psicólogos, se necessário. Outra estratégia que acontece é o grupo da caixinha, antes do grupo começar eles tem liberdade de escrever em um papel o que gostariam de saber em anonimato e colocam na caixa; depois a psicóloga e a enfermeira sorteiam os papeis e lêem esclarecendo na medida do possível suas duvidas e angustias. Caso seja diagnosticado que o jovem esta em situação de risco ou de vulnerabilidade o conselho tutelar é avisado imediatamente, passando o caso se necessário para a vara da infância e adolescência do município.
A secretaria da saúde fornece alguns dados sobre a população adolescente sa cidade nos anos de 2010 a junho de 2012. São eles:
– DSTS NOTIFICADAS:
FAIXA ETÁRIA 10 A 19 ANOS: |
HIV: 01 |
HEPATITES VIRAIS: 01 |
SIFILIS: 01 |
– ÓBITOS:
CAUSAS DETERMINADAS 10-14anos 15-19 anos TOTAL |
Aids 1 0 1 |
Bronquite, enfisema, asma 0 1 1 |
Afec. Respiratórias RN 1 0 1 |
Demais anomalias cong. 0 1 1 |
Acidentes transito transp. 0 1 1 |
Outros acidentes 1 0 1 |
Demais causas morte 0 1 1 |
Total 3 4 7 |
DEPOIMENTO DE ASSISTÊNCIA PRESTADA AO ADOLESCENTE.
A adolescente C. com 12 anos,foi encaminhada á esta casa do adolescente apos ser desabrigada de uma casa transitória onde permaneceu durante anos, devido a situação de vulnerabilidade de sua família.
A situação do desabrigamento se deu pois, o sr. W. seu padrasto pediu a guarda dos irmãos de C. Quando o pedido de guarda foi reiterado ao sr. W, C e seus 2 irmão por parte de mãe foram morar com W, mesmo ele não sendo pai de C. Visto que a mãe de C. ainda encontra-se em situação desfavorável para assumir a guarda dos filhos. Foi julgado que para C, a continuidade do convívio com os irmãos seria positiva e para tanto foi desabrigada.
Iniciando atividades na Casa do adolescente, criando-se vinculo com a equipe C. relatou que estava sendo agredida fisicamente e psicologicamente por seu padrasto. Orientações foram realizadas á adolescente, acolhendo seu sofrimento. Visita domiciliar foi realizada pela equipe a fim de investigar nova situação de risco, vivenciada por C.
Frente á confirmação da vulnerabilidade vivida pela adolescente, esta Casa interviu junto ao Conselho Tutelar deste município na tentativa de nova avaliação quanto a situação da adolescente na Vara da infância e da Juventude. Realizada nova audiência, ficou declarado que C retomaria temporariamente a Casa transitória, sendo desta vez na que compete sua nova idade, e que a mesma continuaria realizar as atividades da Casa do adolescente, qual estava distanciada ultimamente por interferência do padrasto.
Assim, C. hoje está assistida com atividades sócio educativas, de prevenção e auto cuidado, tem garantido seus direitos e vem mostrando maior auto estima, e melhoria quanto a sua qualidade de vida e de desenvolvimento humano. Nesta casa do adolescente C. realiza atividades de artesanato, grupo de Psicologia e auto cuidado.
Amanda Prestes Gil
Terapeuta Ocupacional.